A Psicologia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem de terapia utilizada pelo psicólogo e considera três princípios básicos: o pensamento afeta o humor e o comportamento; o pensamento pode ser monitorado e alterado; mudanças no humor e no comportamento desejado podem ser efetuadas por meio de mudanças no pensamento. A Psicologia Cognitivo-Comportamental é uma das poucas formas de tratamento psicoterápico baseado em evidências.
Para haver a mudança comportamental é necessário reestruturar o modo de pensar, modificando o sistema de crenças que o indivíduo estabeleceu ao longo da vida. Nos diversos transtornos psicológicos o indivíduo apresenta crenças que, em função da sua patologia, estão disfuncionais, ou seja, não estão de acordo com a realidade. À medida que aprendem a reavaliar (através de testes de evidências) esses pensamentos/crenças de forma mais adaptativa, há uma melhora no seu quadro dos sintomas. Esse tratamento é de certa forma, educativo; pois ensina o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza a prevenção de recaída.
O tratamento tem foco em questões atuais, e envolve um conjunto de técnicas e estratégias terapêuticas que visam à modificação de pensamentos e comportamentos inadequados. A Terapia Cognitivo-Comportamental enfatiza a colaboração e a participação ativa, o paciente é encorajado a decidir sobre quais os problemas quer falar, identificando as distorções do seu pensamento, resumindo pontos importantes da sessão e planejando a prescrição dos exercícios a serem realizados em casa até o próximo encontro com o terapeuta. Em vista dessa estrutura, podemos organizar as sessões em: parte introdutória (verificação do humor, examinar rapidamente a semana e definir pauta da sessão); parte intermediária (examinar exercício de casa, pauta, novos exercícios, resumo) e parte final (feedback).
Desde a infância é possível desenvolver ideias negativas, distorcidas da realidade, equivocadas pela percepção que temos sobre os eventos de nossas vidas. Tais ideias se enraízam em nossa mente e são incorporadas como verdades absolutas e geram sofrimento psicológico ao longo dos anos da idade adulta.
Essas ideias são chamadas, na Terapia Cognitivo-Comportamental, de crenças centrais. Elas podem ser de desamparo, desamor e desvalor.
Na crença de desamparo, a pessoa tem uma certeza (irracional/inconsciente) de que é incompetente e sempre será um fracassado. Na crença de desvalor, a pessoa acredita ser inaceitável, sem valor algum, e tendem a se fortificarem quando a pessoa foca sua atenção para os dados que confirmam sua visão negativa e não conseguem perceber as situações da vida com outro ponto de vista mais positivo. Na crença de desamor, a pessoa tem a certeza (irracional/inconsciente) de que será rejeitada. Esse processo ocorre involuntariamente e automaticamente, gerando sofrimento psicológico e/ou transtornos psicológicos significativos como a depressão, ansiedade, transtornos alimentares e abuso de substâncias.
Essas crenças podem ser: em relação a si mesmos (citado acima); em relação aos outros, quando estes são categorizados de maneira inflexível. São vistos como desprezíveis, frios, prejudiciais, ameaçadores e manipuladores. Também é possível desenvolver uma crença positiva em relação aos outros e em detrimento de si mesmo: as pessoas são superiores, muito eficientes, amáveis e úteis (diferente de si). Em relação ao mundo, quando o percebe injusto, hostil, imprevisível, incontrolável, perigoso.
Com essas ideias na mente, a pessoa vai criando estratégias compensatórias para lidar com o sofrimento que a crença causa quando é ativada nas relações sociais, ocupacionais, familiares e amorosas. Tais estratégias podem ser desadaptativas trazendo desajustes emocionais. Muito importante é estar atento aos pensamentos automáticos, ou seja, processamento de informações emocionais equivocado, onde nossos esquemas mal-adaptativos distorcem a realidade gerando tal sofrimento.
Então, como é possível libertar-se dessas crenças e pensamentos automáticos? O primeiro passo é estar consciente de tais distorções. Somente a partir dessa nova percepção é que é possível operar mudanças. E neste sentido, a Terapia Cognitivo-Comportamental possui instrumentos e técnicas para habilitar a pessoa a desativar suas crenças e esquemas mentais, proporcionando assim, mudanças de pensamentos, hábitos, gerando alívio de sintomas e uma melhor qualidade de vida.
Quando ouvimos então sobre o processo terapêutico da cognitivo-comportamental, reconhecer crenças e mudar pensamentos e conseqüentemente, comportamentos, parece ser algo muito fácil. E para muitos, passa a ideia de que o tempo de tratamento é curto. No entanto, não temos como mensurar o tempo que cada indivíduo levará para responder às abordagens. Tratar o emocional demanda empenho e persistência. Agora, quando o paciente está implicado nas atividades terapêuticas, não apresenta demasiada resistência, ele percebe uma melhora significativa nos primeiros meses, porém, não pode abandonar a terapia nesse momento, pois se faz necessário desenvolver atividades externas para assegurar-se que possui “instrumentos” emocionais suficientes para seguir sozinho. A proposta da Terapia Cognitivo-Comportamental é que: o paciente estando motivado à mudança busque viver sendo uma melhor versão de si mesmo.
Dra. Ana Claudia Poerner - CRP: 07.10114
Psicóloga Cognitivo-Comportamental
Formação:
Graduação em Psicologia pela Universidade Regional Integrada (URI) – conclusão em 1998
Especialização em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental pelo Instituto WP em Porto Alegre.
Há 20 anos exercendo a profissão. Atendimento a adolescentes e adultos.
Participação em Congresso:
- 26 e 27 de Abril/19 - IV Congresso Multidisciplinar de Saúde em Fortaleza, como integrante da banca avaliadora de trabalhos científicos
- (próximo) 22 a 24 de Agosto/19 - III Congresso Wainer de Psicoterapias Cognitivas em Gramado
Cursos e aperfeiçoamento:
- Abril/19 Diversidade Sexual e de Gênero em Porto Alegre
- Junho/19 Violência Sexual contra crianças e adolescentes em Ijuí
- Agosto/19 Suicídio, Uso de substância e violência - Manejo de crise